Descobrimento em ambiente digital. . .

Perspectiva etológica

07-06-2010 23:15

 

As contribuições da perspectiva etológica à Psicologia do Desenvolvimento podem ser resumidas sobretudo em dois aspectos, um de natureza conceptual e outro de cunho metodológico. No que se refere ao primeiro delas, os autores de orientação etológica destacaram sobretudo o conceito de ambiente de adaptação, ressaltando o carácter determinante que o ajuste às exigências deste ambiente tem sobre a conduta. Mas, como aqueles que se situam nesta perspectiva nos ensinam, quando se pensa no ambiente de adaptação não se deve pensar somente no ambiente actual ao qual os membros da nossa espécie têm de se adaptar. É também importante levar em consideração o ambiente ao qual os nossos antepassados tiveram de se adaptar ao longo da evolução da espécie. Alguns padrões de comportamento tiveram em seu momento tal importância para a sobrevivência da espécie que, embora em alguns casos tenham deixado de ser úteis para esse fim, continuaram gravados nos sinais de identidade de todos os membros da espécie. Portanto, os autores de inspiração etológica ressaltam a conexão do desenvolvimento da espécie (filogénese) com o desenvolvimento do indivíduo (ontogénese). Sem dúvida, não o fazem para defender que a ontogénese é uma repetição sintetizada da filogénese, senão para ressaltar o facto de que há em todos os seres humanos modelos de comportamento que são melhor compreendidos quando são considerados não como um fruto de circunstâncias vitais individuais, mas senão como uma consequência de uma longa luta pela sobrevivência que deixou nos nossos genes ecos que às vezes continuam a condicionar modelos de conduta e padrões de desenvolvimento.

 

Na década de 1930, dois zoólogos europeus, Konrad Lorenz e Niko Tinbergen, desenvolveram a “etologia” – o estudo do comportamento das espécies de animais através da observação, normalmente realizada em contexto natural. Na década de 1950, o psicólogo britânico John Bowlby alargou os princípios etológicos para o desenvolvimento humano.

Konrad Lorenz. foi o fundador da moderna Etologia, o estudo comparativo do comportamento humano e animal., uma nova área de estudos científicos com profundas implicações para a humanidade. Pelas suas descobertas recebeu o prémio NOBEL de Fisiologia em 1973.

Lorenz nasceu em Viena, a 7 de novembro de 1903, e faleceu a 27 de fevereiro de 1989 em Altenburg, Áustria;

Lorenz sugeriu que as espécies animais estão geneticamente construídas para aprenderem tipos específicos de informação que são importantes para a sobrevivência da espécie. Descreveu o aprendizado de patos e gansos recém-nascidos. Os filhotes, logo que nasciam, aprendiam a seguir a mãe, ou então, uma falsa mãe. O processo, que é chamado imprinting (gravação) compreende sinais visuais e auditivos do objeto "mãe" que são gravados, mesmo que sejam enganosos. Isto provoca uma resposta de acompanhamento que depois vai afetar o adulto.

Lorenz enveredou para um estudo comparativo entre o comportamento humano e o comportamento animal, expondo sua tese principalmente nos livros Das sogenannte Böse, de 1963 (tit. em port. "Sobre a agressão") e Die Rückseite des Spiegels: Versuch einer Naturgeschichte menschlichen Erkennens, ("Por trás do espelho: uma pesquisa por uma história natural do conhecimento humano"), de 1973.

No primeiro ressalta que nos animais em geral a agressividade tem um papel positivo para sobrevivência da espécie, como o afastamento de competidores e a manutenção do território, e que também no homem a agressividade poderia ser orientada para comportamentos socialmente úteis.

No segundo, Die Rückseite des Spiegels, Lorenz especula sobre a natureza do pensamento e da inteligência humana e seu poder de sobrepujar as limitações reveladas por seus estudos, e argumenta que a luta e a guerra no homem tem uma base inata, mas que pode ser mudada..

 

Teoria

Lorenz descobriu que muitos dos mais importantes padrões de comportamento dos animais, aqueles tradicionalmente chamados instintivos, eram inatos e não podiam ser explicados behavioristicamente. Eram comportamentos fixos, que não podiam ser alterados ou eliminados pelo meio, por mais que se manipulasse experimentalmente esse meio.

Comportamentos instintivos acontecem espontaneamente, como que provocados por causas internas ao próprio animal. São comportamentos de busca, que não precisam sempre de um estímulo externo para se manifestarem. Tomou como exemplo uma observação de um outro etologista, Wallace Craig, que havia descrito como um pombo macho afastado da fêmea corteja um pombo empalhado, um pedaço de pano e até mesmo o canto vazio da sua gaiola. Para Lorenz, o comportamento do homem é fundamentalmente semelhante aos dos outros animais e está sujeito as mesmas leis causais da natureza. Segundo ele, o critério para determinar que um certo padrão de comportamento é inato, é que ele seja mostrando por todos os indivíduos normais da espécie, de determinada idade e sexo, sem nenhum aprendizado anterior e sem tentativas e erros. E este é o caso do comportamento agressivo, entre outros.

O ponto crucial da visão de Lorenz a respeito da natureza humana é que, assim como muitos outros animais, o homem tem o impulso inato do comportamento agressivo em relação a sua própria espécie. Esse impulso estaria limitado a poucos danos, como acontece entre animais da mesma espécie, não fosse, no caso do homem, dois problemas:

O primeiro é este dispor de armas que multiplicam seu poder ofensivo. O desenvolvimento cultural e tecnológico coloca armas artificiais em suas mãos, de modo que o equilíbrio natural entre o potencial mortífero e a inibição é perturbado.

A segunda causa é que falta, na espécie humana, como em outros animais normalmente menos agressivos, o respeito ao gesto de submissão feito pelo perdedor. O homem, por essas razões, é o único animal que mata dentro de sua própria espécie

Para ele, no entanto, explicar nosso comportamento por causas naturais não exclui ou afecta necessariamente a nossa "dignidade" ou nossa escala de valores, - que os behavioristas consideram falsos -, nem mostra tão pouco que não somos livres (Skinner aconselhava que esquecêssemos valores como liberdade, natureza humana, etc.). Ao contrário, para Lorenz o nosso crescente conhecimento de nós mesmos aumenta o nosso poder de autocontrolo e assenta em bases sólidas nossa vontade. Quanto mais compreendermos as causas materiais de nossa agressão, mais aptos estaremos para tomar medidas racionais para controlá-la. "O autoconhecimento é o primeiro passo para a salvação", disse.

Contatos

Edgar Baptista Heribar Estrela

edgar_cdn@hotmail.com & heribarestrela@hotmail.com

Procurar no site

© 2010 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode